Conhecendo o mundo espiritual. Textos: 2 Coríntios 10.3-5; Efésios 6.11,12.
Todo servo de Deus tem que ser, necessariamente um guerreiro, e deve ter uma noção e revelação do mundo espiritual.
A) Jesus ensinou aos discípulos sobre a visão do mundo espiritual. Na missão dos setenta (Lc 10.17-19). Eles se admiravam que os demônios saíam e Jesus lhes falou da queda do diabo.
1. Ao falar-lhes do “fermento dos fariseus” Jesus queria que eles vissem o lado espiritual, e eles apenas viam o terreal (Mc 8.15-21).
2. Na revelação do Monte da Transfiguração os discípulos apenas viam as possibilidades terrenas; morar em tendas (Mc 9.2-9).
3. Tomé, o Dídimo, o que ele entendia? (Jo 11.16).
4. Os discípulos de Emaús tinham os olhos vendados e depois veio a revelação (Lc 24.31).
5. Paulo tinha uma revelação do mundo espiritual. Ele diz: “Observai o que está evidente” (2 Co 10.7). E ele fala na anulação ou destruição de três tipos de obstáculos no mundo espiritual:
2 Coríntios 10.3-6
B) Palavras chaves de Paulo:
Estratégia.
Fortalezas
Sofismas
Altivez
1) Estratégias... Do grego estratéia, de onde vem, estratagema, plano, esquema, intenção. O diabo tem planos contra o povo de Deus (2 Co 2.11; 11.3; 1 Cr 21.1; Zc 3.1-2). Satanás vive planejando ataques contra o povo de Deus. Ciladas. Laços.
2) fortalezas: “aceitar como imutável aquilo que ele mesmo sabe ser contrário à vontade de Deus”. – doenças, pobreza, secas, etc. Fortalezas são lugares de defesa e de ataques. É de onde se defende a terra, atacando. Ex. os fortes protegendo as cidades, os filmes Canhões de Navarone, e Ninho da Águia, etc. Exemplo bíblico: Davi conquista Sião, 2 Sm 5.7.
a. Fortalezas territoriais. São hierarquias de seres celestiais das trevas às quais Satanás deu-lhes o direito de influenciar e controlar as nações, comunidades e famílias.
b. Fortalezas pessoais. São coisas que Satanás utiliza para influenciar a vida de uma pessoa; pecados pessoais, pensamentos, sentimentos, atitudes e comportamentos.
c. Fortalezas ideológicas. Através de sistemas políticos implanta-se uma nova maneira de pensar e de agir...
3). Sofismas – Raciocínio capcioso feito com a intenção de enganar, mentira com aparência de verdade. Sofisma é toda mentira com aparência de verdade. Muito comum em políticos. O sofisma é anulado com a verdade. O filósofo Aristóteles (384-322 a.C.) dizia que “a sofística é uma sabedoria aparente, não real, e o sofista é um traficante da sabedoria aparente... os sofistas se concentravam nos interesses do sujeito que desejava o conhecimento do objeto. Mestres ambulantes que ensinavam por dinheiro, enciclopedistas, e até mesmo super-homens ou diletantes, os sofistas eram tudo, menos sábios” 6. Sofismas são fortalezas ideológicas. Isto tem a ver com a dominação satânica do mundo através das filosofias que influenciam as sociedades e as culturas (2 Co 10.5). Exemplos de sofismas hoje: teoria da evolução; divórcio; aborto; mentiras são possíveis para se autodefender, etc.
4) Altivez – Tudo o que impede que o conhecimento de Deus chegue aos homens. Filosofias, ensinos, idéias, conceitos. Dá a idéia de um muro construído pelos homens impedindo que a luz de Deus ilumine a mente das pessoas, como em 2 Co 4.4 – cegueira espiritual.
Comentário: Deus e as cidades.
Os demônios trazem opressão e pobreza sobre nossas cidades. Pode-se exemplificar sobre dois tipos de cidades na Bíblia: Babilônia e Jerusalém. Textos: Ap 17.5; Gn 14.17-24. Jerusalém, a mesma Salém. Consagrada ao deus Baal.
Antes de ser Jerusalém ela era Salém (Gn 14.18), uma pequena cidade onde Melquisedeque era o sacerdote-rei. Ao que parece o nome Jerusalém só foi dado à cidade depois da conquista de Davi em 2 Sm 5.6-12. Documentos antigos atestam que era conhecida como Urushalem ou Shalem nome dado em homenagem ao deus cananita simbolizado pela estrela Vênus. Shalem, que quer dizer completude (isto é, que tem tudo, paz, harmonia, riqueza), e no decorrer dos anos se tornou Shalom – paz.1 Urushalem que significa “fundação de Salém” 2 se tornou Jerusalém, ganhando agora o prefixo- Je. É a tradução da palavra hebraica YAH, na realidade uma abreviação da palavra Yahweh. Davi, ao conquistar a cidade acrescentou o nome do seu Deus à cidade, no português com o prefixo “Je”. Por isso, Jerusalém quer dizer a cidade de Deus, enquanto Urushalem a cidade representava a cidade de Baal. Isto quer dizer que uma mesma cidade pode conter dentro de seus muros duas forças que se opõem, Deus e Baal. Podemos afirmar que Jerusalém e todas as cidades são o campo de batalha entre Deus e Satanás pelo domínio do povo e de suas estruturas. Uma mesma cidade pode ter o espírito da Babilônia e mudar para Jerusalém, ou ser Jerusalém e mudar para Babilônia. Como o pêndulo de um relógio, os governantes mudam a espiritualidade da cidade que haverá de influenciar a vida social do povo.
Na realidade dois domínios são vistos em toda a terra: o domínio de Baal através da política, e o de Deus através da igreja.
Robert Lithicum afirma: “Da mesma forma que o trino Deus criou a humanidade e dotou-a com a capacidade de criar a cidade, também criou os sistemas e estruturas que trazem ordem a cada uma delas, assim também criou os principados e potestades que trazem ‘espírito’ aos sistemas e à cidade”. 7
VI. Destruindo Fortalezas
As fortalezas são fortificações construídas por Satanás com o fim de exaltar-se contra o conhecimento e os propósitos de Deus (2 Co 10.4).
Base teológica para batalha espiritual em cidades: Governos espirituais sobre as cidades.
A questão dos governos espirituais que influenciam os governos de uma cidade está claramente definida nas Escrituras. Paulo afirma que todos os governos foram criados por Jesus (Cl 1.14-16). Então é possível que tenha havido, de fato, uma rebelião quando estas potestades se rebelaram contra a autoridade do Senhor.
Paulo fala em reinos espirituais (Ef 6.11,12; Cl 1.16,20). O texto traduzido literalmente do grego por Ronaldo Lidório (tradutor da Bíblia para dialetos africanos) diz: “A nossa luta não é contra sangue e carne (o conjunto das tendências humanas), mas contra toda nefasta manifestação espiritual do mal, como ‘principados’ (archas: tiranos que se autonomeiam príncipes); “potestades”(Exousias: forças de combate) e “dominadores deste mundo tenebroso” (kosmokratoras: estrategistas do mal”.
Em seu livro The Believers Guide to Spiritual Warfare (O Manual do Crente Para a Batalha Espiritual), Tom White diz que esta passagem é um retrato do organograma de autoridade do inferno. Veja o que ele diz a respeito da hierarquia satânica:
“Paulo iluminou o tópico descrevendo os poderes como uma hierarquia organizada de governo, como principados (archai), autoridades (exousia), poderes (dunamis) e forças espirituais da maldade (cosmocratas). É de supor que a estrutura de governo aqui está em ordem decrescente. Daniel 10.13,20 desvenda a identidade dos principados (archai) como príncipes satânicos superiores que foram colocados sobre as nações da terra. A palavra exousia tem uma conotação de governo natural e sobrenatural. Na compreensão apostólica havia forças sobrenaturais que “ficavam por trás” da estrutura governamental humana. Sem dúvida Paulo é um porta-voz da noção apocalíptica judaica de que Deus concede poderes a seres cósmicos para arbitrar os assuntos terrenos. Presume-se que os poderes, dunamis, operam dentro de países e nas culturas influenciando certos aspectos da sociedade. As forças espirituais da maldade, cosmocratas, são os muitos tipos de espíritos que afligem as pessoas, por exemplo, espíritos do engano, adivinhação, sensualidade, rebelião, medo e enfermidades. Geralmente estes são os espíritos do mal que se manifestam e são expulsos nas reuniões de libertação. Entre eles existe também uma estrutura de autoridade onde os mais fracos são subservientes dos mais fortes”. 8
1. Examinando o texto de Efésios 6.10-18
Lutamos contra:
Principados (archies). Aquilo que é superior. Como Arquidiocese, arquétipo, arcebispo.
Potestades ou autoridades (exousia). Como o governador de um Estado.
Dominadores deste mundo (dinamis). Como um fazendeiro, um empresário ou prefeito que domina uma cidade;
Forças espirituais do mal (cosmocratas). Agentes do mal; demônios.
B) Entendo a questão à luz do profeta Daniel.
Para entendermos a questão do mundo espiritual precisamos olhar a Escritura e ver o que aconteceu nos dias de Daniel. Este servo de Deus, depois de três semanas de intensa intercessão recebe a resposta às suas inquietações através de um varão celestial que o conforta, dizendo: "... porque desde o primeiro dia, em que aplicaste o coração a compreender e a humilhar-te perante o teu Deus, foram ouvidas as tuas palavras; e por causa das tuas palavras é que eu vim" (Dn 10.12). O versículo seguinte traz uma das maiores revelações bíblicas de todos os tempos: "Mas o príncipe do reino da Pérsia me resistiu por vinte e um dias; porém Miguel, um dos primeiros príncipes, veio para ajudar-me, e eu obtive vitória sobre os reis da Pérsia". Como entender o texto? Ora, o governo da época era o de Ciro, rei da Pérsia, mas no mundo espiritual havia um príncipe que paralelamente governava. O versículo 20 esclarece o episódio, pois diz: "Sabes por que eu vim a ti? Eu tornarei a pelejar contra o príncipe dos persas; e, saindo eu, eis que virá o príncipe da Grécia". Entendemos que houve uma batalha nos céus com os demônios liderados por Satanás tentando impedir a passagem do Arcanjo. E no mundo natural e espiritual foi o que aconteceu: a Grécia foi a nação que a seguir ocupou o lugar de destaque no mundo político da época.
Seu principal objetivo é destruir a criação de Deus e freqüentemente consegue levar a termo suas intenções fazendo com que os povos se levantem uns contra os outros. Seus objetivos nunca são corretos e suas táticas permeadas de engano e malignidade. É mestre em intrigas e enganará todo aquele que aceitar suas ofertas.
1. Entendendo através da lei da dupla referência.
Temos uma base bíblica que prova a existência desses espíritos nas altas esferas espirituais e o assunto pode ser mais bem entendido quando conhecemos a lei da dupla referência. De acordo com a Bíblia Anotada de Dake “esta lei ocorre sempre que uma pessoa viva e conhecida é mencionada, e quando há menção de fatos indicando que um ser invisível a utiliza como uma ferramenta para levar adiante os seus propósitos.”
A Bíblia anotada de Ryrie diz na nota de rodapé: "Um ser sobrenatural que tentava levar os reis da Pérsia a se oporem ao plano de Deus. Os anjos maus procuram influenciar os relacionamentos entre as nações... Com a ajuda de Miguel, o anjo bom obteve um lugar de superioridade para influenciar os destinos da Pérsia. No entanto, a batalha entre anjos bons e maus pelo controle das nações continua, conforme o versículo 20".
Há, por exemplo, duas passagens nas Escrituras que se referem a um governador de um país e também a Satanás. São as referências de Ezequiel 28.11-19 que menciona o rei de Tiro, mas cuja figura central é o próprio Satanás e Isaías 14.3-27 que se refere ao rei de Babilônia. Parecem ser pessoas da terra, mas na realidade os textos se referem a seres espirituais, pois o texto descreve alguém cujos atributos transcendem a vida de uma pessoa humana.
A versão Septuaginta do antigo testamento traduz o texto de Deuteronômio 32.8 da seguinte maneira: “Quando o Altíssimo distribuía as heranças às nações, quando separava os filhos dos homens uns dos outros, fixou os termos dos povos conforme o número dos anjos de Deus”. Os judeus acreditavam que Deus dera as nações da terra para serem governadas por setenta anjos.
F.F. Bruce afirma que o texto da Septuaginta representa a versão original: “Este texto bíblico pressupõe que a administração de várias nações foi distribuída entre um determinado número de anjos... Em alguns lugares certos poderes angelicais são apresentados como principados e potestades hostis, os ‘dominadores deste mundo’ de trevas descritos em Efésios 6.12”. Paulo vê a vitória de Cristo no fim dos tempos (1 Co 15.24-28).
Pastor João de Souza Filho
*Lembramos que as opiniões expressas nos textos com autores identificados, não expressam necessariamente a opinião dos responsáveis por este blog.
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